Título: CINEMA E CIRCUNSTÂNCIA
Autor: J. C. Ismael
Editora: Buriti
Ano: 1965
O livro pretende demonstrar ao leitor que há uma “evasão” da realidade por parte do espectador quando o mesmo está diante do filme. Visto que para este, o espetáculo cinematográfico passa a ser a única realidade que conhece. A escola do realismo é para o autor a que mais naturalmente rejeita a “evasão”, trata do ponto de vista da criação, de retratar personagens mais próximas a nós e das pessoas com as quais convivemos ou poderíamos conviver. Vale lembrar que Ismael cita como um exemplo de produção “evasiva” grande parte da produção norte-americana, que segundo ele “postula completo afastamento da realidade, levado tão longe que hoje os realizadores deliberadamente ‘realistas’ descambam para o sensacionalismo”. Há uma diversidade de temas à disposição do grande público, buscando atingi-los através da emoção, seja através de uma película romântica, de guerra, bíblica, etc. Distingue o autor a abstração da realidade que o cinema de “evasão” provocada da abstração expressionista, visto que este último nasce de uma “angústia primordial diante do espaço limitado” enquanto que o de “evasão” busca “libertar” o espectador de suas circunstâncias. O cinema circunstancial, finaliza o autor, é aquele que possibilita o diálogo realista entre países e épocas, isso provocou (e creio que ainda provoca) um acirramento por parte da censura de países mais fechados, devido à política vigente. Ele cita, por exemplo, a promulgação, em 1930, do Código Hays, que pretendia salvaguardar os bons costumes e a ordem pública. Apenas em 1957, este Código permitiu que fosse mostrado na tela um casamento interracial, entre negros e brancos.
ESTRUTURA DA OBRA
- Em busca do filme autêntico
- De Lumière a Griffith: do realismo ingênuo à perda da ingenuidade
- Maturidade e dignidade
- O abuso da forma
- Limites de um conceito
- Formar e informar
- Testemunhar para fazer ver
- Função do cinema
- A arte se defende
- A indústria se defende
- Os paradoxos do pretenso cinema social
- Arte social: das trincheiras ao engajamento
- A “única” realidade
- Discursismo e dirigismo
- O realismo engajado
- Realismo e documento
- Propaganda e ilusão
- A polêmica do realismo
- O valor homem
- O “realismo” mitológico
- O cinema social realizado
- Flaherty: a luta contra a natureza
- O realismo revolucionário soviético
- O realismo italiano
- Grierson: o retorno à cultura
- Jean Vigo: a consciência social
- O realismo poético francês
- Ruttman: a verdade do testemunho
- Ivens: a luta ideológica
- O realismo americano
- Chaplin ou o realismo humanista
- O realismo intimista japonês
- Wadja: com a morte na alma
- Neo-realismo: história de uma tendência
- Localização no tempo
- Tradição e ruptura
- A Escola se compõe
- Visconti: o mito do décor
- Rossellini: a mística da moral
- De Sica-Zavattini: do homem para o homem
- Crise e renascimento
- Fellini: a condenação à esperança
- Antonioni: a crença impossível
- Cinema e existência
- A crise do homem
- Da incomunicabilidade
- Bergman e a urgência da morte
- Caminhos de uma ideia
- Bibliografia essencial
- Índice onomástico e remissivo.
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